
Aos primeiros passos seguiu-se o risco. Subir e descer da cama é desporto radical, correr é devaneio, pular é trapézio sem rede. Aos poucos, a bola. Teimosamente com as mãos, que tudo tem de ser tangível para experimentar formas e texturas. «Põe no chão», filho. «A bola é para jogar com os pés». Mensagem recebida e processada, acção quase imediata. Estilo peculiar. Descoberta. Treino.
Hoje, finta triciclos, construções de Lego e Rucas de peluche. Tem estilo. É Maradona e Madjer, mas com mais qualidade. E não tem vícios. Passa a bola e procura o espaço vazio. E não pede penálti quando se desequilibra. Ergue-se e prossegue. Mas o melhor é o grito que acompanha cada disparo. «PORTÓ!!». O pai adora, rebola no orgulho; a mãe franze o sobrolho, mas defere a cena, embevecida. É o (meu) joga bem, (que me) põe no chão. Aturdido.
Jaime
Jornalista
Redigido ao som de "Absolute Beginners" - David Bowie
Sem comentários:
Enviar um comentário